17 de julho de 2018

A minha vida com a Aveia Quaker | Por Hefraim Andrade

Olá! E, antes de mais nada, -Não! Não mesmo! Definitivamente, o título não é uma propaganda, anúncio ou comercial da tão famosa marca norte-americana! Não nego que indiretamente o esteja fazendo, mas, na realidade, a minha intenção para com ele é usá-lo de prelúdio, para em seguida, narrar algumas experiências, histórias e mesmo uma necessidade. - Situações que talvez lembrem outras que muitos de vocês possam ter vivido ou que estejam a viver no momento. 

Foto: Reprodução / Pinterest 
Anos noventa. Lá estava eu, na cozinha da minha tia, fazendo-lhe uma pergunta inocente, porém, esquisita: - Tia, ele apanhou?! - Não lembro ao certo o que respondeu, acho que disse que não, mas ainda recordo, mesmo com pouca exatidão, da lata da Aveia Quaker e daquele personagem que trajava roupas e chapéu praticamente pretos, que tinha as faces notoriamente avermelhadas. No meu raciocínio, achava que ele (Larry) tinha essa cor viva no rosto porque alguém o tinha esbofeteado. - Sabe El Dyo, o motivo, pelo qual pensava assim! O mais estranho é que realmente fiquei preocupado, sentido por ele e pensativo por algum tempo (acreditem. Falo sério!). É muito interessante como a curiosidade por determinado ser/objeto pode afetar alguém e especificamente uma criança. Quem dera ter tido um computador e o Google naquela época… 

Mas vamos ao Lerry! Bem. Para entendermos melhor, convido-vos a viajar, por um instante, à Inglaterra de Oliver Cromwell (1599 – 1658), contexto onde encontraremos a figura de George Fox (1624 – 1691), um protestante anglicano e filho de um sapateiro que encabeçou uma verdadeira revolução, que envolvia seu novo movimento, a Religious Society of Friends, a igreja oficial e o Estado, uma vez que apregoava liberdade de culto e de divulgação, como também a desobrigatoriedade de se prestar serviço militar e jurar fidelidade ao Rei. Os membros desta sociedade ficariam conhecidos como quakers (do ing.; pessoa medrosa), que por sua vez, vinha de quake (tremer; terremoto). Em resumo, eles eram aqueles que, no sentido religioso, temiam e tremiam na presença de seu Deus.


Quaker Oast | Foto: Blog Ethics of Design 
Perseguições constantes levaram muitos adeptos desse grupo, às colônias inglesas no Novo Mundo, onde gozaram de mais tolerância e liberdade; ali fundaram, o Estado da Pensilvânia. Seus princípios morais e costumes saudáveis, influenciariam a Henrry D. Seymor e Willian Heston, que registraram a marca Quaker oficialmente, dando origem assim a Quaker Mill Company (mais tarde Quaker Oats Company). O primeiro logotipo que teve foi a de um quaker que aparecia de corpo inteiro, sustentando um pergaminho com o nome <<pure>>, <<puro>> em português. Entretanto, a imagem mais difundida nos dias hoje é de 1957 e a atribuímos ao artista ilustrador Haddson Sundblom (1899 – 1976), mesmo autor do Papai Noel da Coca-Cola. Mas, o personagem que está na nossa caixa de aveia de cada dia só veio a receber um nome em 2012 – Larry.  

A caixa retangular do cereal foi introduzida pela primeira vez pela empresa em 1885, e a primeira receita culinária em sua embalagem, em 1891. Na minha opinião, o artigo foi muito bem recebido e utilizado nos lares brasileiros. Minha avó Z´´L, o consumia muito e eu também. Amo aveia e continuo amando e a minha relação com a marca/produto, é ainda mais profunda, uma vez que não envolve só uma questão de herança passada e de saúde, mas uma questão religiosa  – As Leis e regras alimentares judaicas (Kashrut) estabelecem que produtos industrializados sejam devidamente vistoriados por uma autoridade religiosa competente; um Haham (Rabino). E por mais incrível que pareça, o item, nas suas três variações, – Em Flocos, Em Flocos Finos e a Farinha de Aveia, figura entre as primeiras da categoria na página da BDK do Brasil, - órgão responsável pela avaliação e fiscalização dos alimentos segundo o padrão mundial das certificadoras kasher (do heb. apropriado; adequado). Muitas coisas se podem fazer com esta matéria-prima, conheço inclusive, muitas e muito boas receitas – Biscoitos, sopas, saladas, leite de aveia, etc. Fico pensando se George Fox ou mesmo William Penn (1644 – 1718), outro importante irmão da causa, imaginariam que a figura de um quaker tornar-se-ia uma logomarca tão conhecida e importante, além de tão presente no nosso dia a dia.

Foto: Reprodução | BDK 

E, ai? Gostaram da temática desta terça? Gostaram de descobrir que o Homem da Aveia não foi surrado por ninguém? (rsrsrsr) De saber sobre o que ele representa e sobre boa parte da história que o cerca? Que tudo começou através de um movimento revolucionário inglês, que estendeu-se para os atuais Estados Unidos e que inspirou homens visionários no século XIX, a darem um paço importante em direção a um negócio que daria muito certo? Cuja logomarca passou por atualizações artísticas, que, com certeza, marcaram a vida de muitas outras pessoas além de mim? E que uma marca de um cereal processado serve, na atualidade, como solução, e às vezes, até como salvação para comunidades religiosas?


- Até a próxima!


Bibliografia:

GAARDER, Jostein, 1952. O livro das Religiões/ Josntein Gaarder, Victor Hellern, Henry Notaker; tradução Isa Mara Lando; revisão técnica e apêndice Antônio Flavio Pierucci – São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

Outras fontes: 








| Hefraim V. Andrade nasceu em Aracaju em 1991, membro duma família oriunda da cidade de Riachuelo - SE e de origem judaico-sefardí, que mudara-se para Maruim nos anos 70. É ativista em defesa de Israel e dos Direitos Humanos Universais. Ocupa a cadeira de número dois da Academia Maruinense de Letras e Artes - AMLA. Também Faz parte do Cumbuka Coletivo Cultural, - Grupo apartidário que vem promovendo eventos socioculturas  e de incentivo à sustentabilidade no Município.  Quanto a sua vida na escrita, ela começa na sua infância e passa por sua adolescência e juventude, quando fez parte de eventos de caráter poético e estende-se até os dias atuas indo da sátira ao que se pode entender, por ele mesmo por "formal". | 

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