3 de julho de 2018

Viagens por Maruim - Onde está o Marco Comemorativo? | Por Hefraim Andrade

Olá, leitores! Tudo bem? Antes de mais nada, quero esclarecer-vos duas coisas. A primeira, é que encerrei as viagens pelos Velhos Bares e Botecos na penúltima semana. Infelizmente não pude mais dar continuidade à série por conta da logística envolvida. Isto mesmo! -A logística. As pesquisas estavam a exigir cada vez mais dedicação de minha parte, o que afetou meu compromisso na coluna que gentilmente fora conferida a mim pelo amigo Lohan Muller para que expusesse conteúdo todas as terças-feiras. A segunda coisa a esclarecer, é que encerrarei a série “Viagens Por Maruim” para trazer-vos outros textos com conteúdos cada vez mais diversificados, que poderão ou não referir-se à Maruim. Espero que possais entender-me, a mim e aos meus motivos e que possam continuar acompanhando o meu trabalho. Aqui cabe dizer, também, que estou muito contente pela receptividade que tenho recebido de vós, ao que achei justo dar-vos, em troca, esta satisfação. - Grazie mille!

-Onde está o Marco Comemorativo?!
A donde, o branco e erétil obelisco?
Para quê?! Ora, por qual motivo?!
 Coluna misteriosa oriunda do Egito…

(Ao Obelisco – ANDRADE, Hefraim.)

-É com esta poesia que dou início a esta última Viagem. Ela discorre sobre a diferente construção que havia ao lado direito da antiga fonte luminosa, - nas Ruínas da Praça Barão de Maruim. Um objeto que poucos maruinenses sabem o significado, mas que é decodificado vez e outra por alguns poucos idosos. O mais provável é que alguns recordem-se dele por um apelido desqualificativo, a saber, “Picão”.

Obelisco com placa comemorativa | Foto: Acervo Colégio Estadual Dr. Alcides Pereira 
Este Monumento, hoje, pode ser encontrado jogado próximo à Praça da Bandeira, aos fundos do Parque Público Otto Schramm, bem ao lado duma barraca de fogos, sendo usado como um ralis para-choque. Infelizmente, com a proposta da Reforma da Praça da Matriz, que arrasta-se através dos anos, arrancaram aquele que outrora foi símbolo de alívio e de prosperidade para Maruim.

Para entendermos melhor, é preciso, por um momento, remontar a cidade na segunda metade do século XX. Naquela época, dispunha de alguma luz elétrica através de um maquinário que ficava onde atualmente é a serraria no final da Rua do Açougue, que era alimentado a gás e que funcionava somente até as 22 H.  -Declarou-me o senhor Everaldo José de Santana o sr. “Nininho da Tipografia” (77 anos). A luz elétrica contínua só foi estabelecida em 29 de dezembro de 1957, na segunda administração do prefeito, Dr. Alcides Pereira. Também, segundo a professora Hortência Maria Pereira Araújo, “Na época, Maruim estava entre as poucas pioneiras na recepção da energia produzida por Paulo Afonso”. Ainda segundo sr, Nininho, nas obras para a dita eletrificação, o povo ficou sete meses sem energia elétrica. Imaginem aí isso no nosso século?! - Céus! Sete meses sem internet; sem aborrecimentos e problemas causados nas redes sociais; sem sátiras inapropriadas para meios conservadores e hipócritas; sem Netflix, raves; Inclusive sem o blog Maruim em Pauta para expôr verdades extremamente incômodas… -Nitidamente o único inferno que um judeu como eu entraria (rsrsrsrs).

População reunida na Praça da Matriz para comemorar a eletrificação de Maruim, em 29 de dezembro de 1957 | Foto: Acervo Colégio Estadual Dr. Alcides Pereira 
Na fotografia acima, é possível ver inúmeras pessoas na solenidade, não tão distantes da coluna que deduz-se que fosse acinzentada. Entretanto, o motivo pelo qual escolheu-se um obelisco (do grego obeliskos, significando pilar ou espeto) para tentar eternizar o acontecimento, desconheço. Mas vale lembrar que pode ter sido inspirado nos do Antigo Egito, que de acordo com uma de minhas fontes, serviam para “dissipar as energias negativas que se formavam sob as cidades”. Os obeliscos também podem ser interpretados como símbolo de poder, uma vez que seu tamanho colossal atraía os imperadores romanos. A despeito das especulações, o fato é que algo do tipo foi muito importante aqui nos anos cinquenta, além de que, os benefícios que vieram com ele seriam sentidos nos anos que suceder-se-iam até os nossos dias.

Monumento abandonado no fundo do Parque Otto Scharmm | Foto: Acervo Hefraim Andrade 

Não sei bem ao certo quando começaram a desprezá-lo pintando-o, ele e sua placa, de branco/branco gelo/branco fosco, ao ponto de ficar ilegível. De igual modo, na sua extração, poucos comoveram-se ou lamentaram. -É indizível! - Aquilo que deveria ser mais um orgulho para Maruim foi e está sendo, agora mesmo, enquanto vós ledes,  tratado com desdém. Não sabemos se haverão de reproduzi-lo, se manterão apenas a placa, mas não a sua estrutura original… Simplesmente não Sabemos! Contudo de uma coisa sabemos: Sabemos onde e como está o Marco Comemorativo.


- Até a próxima. 

Placa comemorativa da eletrificação da cidade | Foto: Acervo Colégio Estadual Dr. Alcides Pereira 


Referências:

https://www.360meridianos.com/especial/obeliscos-egito-antigo

https://www.significados.com.br/obelisco/


| Hefraim Andrade nasceu em Aracaju em 1991, membro duma família oriunda da cidade de Riachuelo - SE e de origem judaico-sefardí, que mudara-se para Maruim nos anos 70. É ativista em defesa de Israel e dos Direitos Humanos Universais. Ocupa a cadeira de número dois da Academia Maruinense de Letras e Artes - AMLA. Também Faz parte do Cumbuka Coletivo Cultural, - Grupo apartidário que vem promovendo eventos socioculturas  e de incentivo à sustentabilidade no município.  Quanto a sua vida na escrita, ela começa na sua infância e passa por sua adolescência e juventude, quando fez parte de eventos de caráter poético e estende-se até os dias atuas indo da sátira ao que se pode entender, por ele mesmo por "formal".

Um comentário:

  1. Infelizmente essa gestão está acabando com o patrimônio histórico da cidade, infelizmente.

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