12 de setembro de 2018

Incêndio em museu acende alerta sobre preservação do Acervo do Gabinete de Leitura de Maruim

O  incêndio que consumiu o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, acendeu o alerta vermelho sobre a segurança do acervo guardado no Gabinete de Leitura de Maruim, no Centro da cidade. Em uma edificação precária, com infiltrações próximas à tubulação de energia elétrica ou corroídas pelo cupim que se alastra também nas estantes imperiais. O centenário não atende os requisitos básicos de segurança, como a presença de extintores, caixa de incêndio e portas corta-fogo, conforme apurou o Blog Maruim em Pauta.


A necessidade de proteger os acervos existentes no Templo de Luz, considerado pelo escritor Joel Aguiar, ultrapassa gestões municipais. É um problema denunciado há anos por historiadores, escritores, estudantes e por quem sabe do valor imensurável que possui o Gabinete de Leitura de Maruim.

"Infelizmente, o nosso velho Gabinete ainda está a sofrer. E isso começa com a insegurança: Não há um guarda municipal no prédio. E pela ausência deste, já aconteceu que, enquanto estava lá, um homem embriagado e fora de si, adentrou em seu salão e perturbou ordem. Suas cadeiras e mesas deixam a desejar; são antigas e precárias. No acervo, livros e prateleiras seculares perecem pela falta de cuidados devidos. Ainda lá, existem duas partes do forro (de isopor) desfalcadas. A porta que lacra o porão está com furos por conta da ação de cupins. No lado externo, onde ficam os banheiros, a peça que sustenta a caixa d’água, de igual modo, foi alvo de cupins, assim como uma das portas abaixo", lamenta o escritor maruinense Hefraim Andrade. 


A falta de Políticas Públicas para manutenção e conservação do Gabinete não atinge somente à estrutura, mas ao estado de acondicionamento e conservação do acervo, a falta de um catálogo descritivo de identificação dos livros e restauro os torna intocáveis.

"Estive em Maruim e fui conhecer o famoso Gabinete de Leitura e para a minha surpresa ao adentrar o recinto e sentir um insuportável cheiro de mofo. É um ambiente insalubre. Os livros mais antigos estão se decompondo devido à traças e fungos. O abandono e o descaso com a boa conservação estão claros", critica o comunicólogo Joselito Miranda. 


Para evitar que tragédias como a do Museu Nacional acorram no Estado, o Coordenador do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal de Sergipe, (UFS), Prof. Dr. Sérgio Luiz Elias de Araújo, denunciou e alertou à população sergipana dos riscos que se encontram várias instituições culturais em Sergipe, além de cobrar medidas eficientes das autoridades e dos gestores competentes em todo Estado. 

"Denunciamos que inúmeras outras Unidades de Informação no país e, particularmente, em nosso Estado correm o mesmo risco, visto que se encontram em situação de precariedade em suas estruturas de manutenção, segurança e preservação. Recomendamos fortemente às autoridades constituídas que assumam suas responsabilidades com a nossa cultura, memória e identidade, o que não é apenas uma questão orçamentária, mas de vontade política, além de formação de equipes com capacidade técnica e gestora.

Nós, enquanto, docentes e pesquisadores da Ciência da Informação, cumprindo o nosso papel de formadores de profissionais da informação, alertamos a população que eventos semelhantes a este poderão vir a se repetir em breve, devido à precariedade de nossas bibliotecas, museus, arquivos públicos e centros culturais que se encontram em risco iminente", pondera o Prof. Dr. Sérgio Luiz. 

Leia também: Fósseis encontrados em Maruim estão entre os materiais destruídos em incêndio no Museu Nacional


Por Lohan Muller, jornalista 2391 DRT/SE 

Fotos: Reprodução | Cedidas ao BMP

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