24 de setembro de 2018

Reconhecimento Digno: Literatura de Cordel | Por Joelma Martins

Expressão Cultural que difunde o conhecimento popular de determinados grupos sociais, ou ainda ações do imaginário, da memória social de um povo, um ponto acerca dos inúmeros acontecimentos do cotidiano, tudo isso está contido dentro da Literatura de Cordel. Além de ser uma manifestação espontâneo do poeta, desde o mais humilde homem do campo, sertanejo ou da cidade. Gênero atrativo aos olhos dos amantes desta tão simples e ao mesmo tempo rica forma expressão cultural oral e escrita. 


O cordel vem crescendo muito e se espalhando por todo país, sendo muito apreciado pela sua bela forma de escrita passada de geração em geração. Que segundo alguns pesquisadores desta literatura acredita-se que teve início na Europa no século XVI, com a finalidade de preservar os relatos e acontecimentos que eram feitos oralmente pelos trovadores, e que estes fossem transformados em literatura escrita com versos rimados, muito vezes apresentado de forma satírica, reunindo ficção e realidade, também conhecido como literatura de cego. Chegando ao Brasil lá pelo século XIX sendo trazido pelos portugueses no início da colonização. Popularizou-se a impressão dos relatos orais, transformando em folhetos que eram expostos à venda, pendurados em cordas, por isso acredita-se ter surgido o nome cordéis.

A fim de preservar o senso comum das diversas localidades, principalmente do Nordeste brasileiro, onde esta cultura tornou-se bastantes forte, o sertanejo mesmo sem conhecimento da escrita, passava de forma oral tudo que viviam e ouviam no sertão, muitas vezes através do canto acompanhado de viola, os versos eram declamados de forma empolgante que atraiam a todos os presentes, que fascinados por esta forma melodiosa, eram estimulados à compra dos folhetos.

O grande poeta e escritor Carlos Drummond de Andrade, vê nessa literatura “uma expressão de uma manifestação pura do espirito inventivo do poeta” com uma enorme capacidade para criar do nada grandes estrofes, que inúmeras vezes confundia aquela  singela e modéstia simplicidade daquele povo sofredor, muitas vezes analfabeto mas que carregava dentro de si a força para enfrentar seus problemas com grande espontaneidade e graça para criação de versos rimados, que encantava e encanta ainda hoje a qualquer tipo de leitor, desde o mais simples ao mais sofisticado e exigente. Por ser um tipo de literatura regional, apresenta características fortes e marcantes da identidade de seu povo, tornou-se parte do folclore brasileiro, além de apresentar no seu conteúdo textos de opinião pública e críticas à sociedade e ao sistema, ela é bastante atual e contribui ainda para o incentivo à leitura e à escrita.

O poeta cordelista, bem como qualquer outro tipo de poesia ou prosa vem perdendo espaço com o advento da internet, pois a facilidade que o leitor tem em acessar virtualmente qualquer conteúdo tem deixado muitos livros e cordéis nas prateleiras das livrarias ou feiras livres, mas isso não nos impede de desanimar, os desafios estão aí e devem ser superados, pois a poesia não morrerá jamais e a palavra escrita no papel ainda é a fonte mais segura que existe, a informação ficará para sempre guardada.

O cordel brasileiro nesta semana dia 19 de setembro recebe um merecido reconhecimento como Patrimônio Imaterial Brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), depois de mais de um século de luta, onde poetas, declamadores, editores, desenhistas, artistas plásticos, xilogravadores e folheteiros, podem hoje comemorar esta tão esperada conquista.  O dia ficará marcado para todos nós cordelistas como um grande incentivo a nossa forma peculiar de fazer poesia. Parabéns poetas!

Poesia para mim

Poesia é minha vida
Meu modo de ser e falar
Não a deixo por nada
Pois ela me faz respirar
Nela o sentido da vida
Sei que nela meu Deus estar

O poeta ver além
Do que você pode enxergar
A poesia traz na alma
Algo que não posso explicar
O poeta sabe e sente
Peça-o então para contar

Parabéns para o nosso cordel brasileiro.



Referencias: 

https://www.estudopratico.com.br> em 20.09.2018


| Joelma Martins é Licenciada em Letras Português (UNIT) e Bacharel em Biblioteconomia e Documentação (UFS). Pós-Graduada em Didática do Ensino Superior e Gestão Educacional. Escritora, Cordelista, Bibliotecária do Gabinete de Leitura de Maruim e imortal na Acadêmica Maruinense de Letras e Artes, ocupa a cadeira Nº 8, cujo a patrona é Josilda de Mello Dantas. |



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