Olá, pessoas! Tudo bem? Faz algum tempo que não escrevo, não
é mesmo? Foi por motivos de força maior. Sem embargo, não nego, ter sido essa
pausa, muito benéfica para mim. Aproveitei-a para ir aos campos, no entorno da
cidade. Inclusive, recomendo, mesmo não sendo médico, a todos, que pelo bem da
saúde, aproveitem a presente estação do ano – A primavera que a fauna e flora
de Maruim oferecem é incrível! Se descerem um pouquinho em direção a Fábrica USIFÉRTIL/FERTINOR,
verão que há inúmeras ‘árvores cor-de-rosa’ – são as canafístulas (cassia
grandis). Vale a pena vê-las. - Eu fui e amei!
Uma Bandeira
Diferente na Praça da Matriz
Garota portando uma bandeira branca diante de militar num
posto de controle no Iraque | Jornal Nexo
|
Dia 07 de outubro. Dia das eleições em todo o país. Eu,
cônscio de que não votaria em candidato algum (Ishallá, haverá um dia em
que votar já não será mais obrigatório, espero), passei boa parte da manhã
dormindo. Próximo ao meio-dia, recebi um convite de um amigo para sairmos pela
cidade – Nesta época e em 07 de setembro, muitos maruinenses que já não vivem
na cidade vêm à Maruim tal como a peregrinação à Meca, como é peculiar aos
Muçulmanos. Pude ver algumas pessoas que há anos não as via. - Sinceramente,
acho que estou começando a entender, ou melhor, a “ver” um certo amor à pátria
de muitos maruinenses, manifestado – creio que não transferem os seus títulos
eleitorais e muito menos deixam de assistir aos desfiles do dia da
Independência, para continuarem vinculados ao local onde nasceram ou cresceram.
Não vejo outra explicação no momento. E agora, mais do que nunca, faz sentido,
à minha mente, a citação da mãe de um amigo, que reside aqui: -“Em Maruim tem
açúcar!”
No anoitecer, descemos à Praça (Bem… A aquilo lá!). Nela,
havia uma considerável aglomeração mista, que aguardava, preocupada, os
resultados de uma eleição, a meu ver, decisiva e preocupante, tanto para gregos
quanto para troianos. Eleições que assustavam-me sobremaneira! – As ações
violentas e agressivas de considerável parte dos brasileiros, por não respeitarem
e tolerarem a liberdade de expressão (sensata liberdade, é claro) e de opinião,
uns dos outros. Isso, somado ao crescimento das manifestações de ódio. - Estou convicto de que muitos desaprenderam
ou nunca cumpriram o artigo I da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de
10 de dezembro de 1948, que declara:
Artigo I
“Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e
direitos. São dotadas de razão e consciência E DEVEM AGIR UMAS EM RELAÇÃO AS
OUTRAS COM ESPÍRITO DE ‘FRATERNIDADE’”.
Infelizmente, aquilo que estamos a ver, não é Fraternidade
nem de longe! Consideração, compreensão, entendimento, aceitação, são nobres
práticas que estão desaparecendo progressivamente.
Nessa atmosfera, acabamos sentados num dos bancos.
Aguardávamos outros amigos. Aos poucos, ficávamos sabendo sobre quem largava na
frente, na porcentagem dos votos. E isso, é claro, graças a internet do celular
dos conhecidos, que gradativamente chegavam e ficavam por ali também. - Ah! E
sobre a aglomeração - Havia Muito movimento ali. Pessoas diferentes, indo e
vindo; chegando e saindo. Sons fortes e fracos das vozes dizendo: “Ele Não!” “O
13 perderá!” ou ainda “Não queria nenhum dos dois”, , misturavam-se ao som das
músicas nos automóveis. - Eu estava verdadeiramente inquieto com isso. - Não
deixava de olhar nem mesmo o chão no qual pisava. No entanto, não pude deixar
de notar algo que, com certeza, jamais esquecerei: Não tão longe, estava um
jovem, vestido e trajado com uma bandeira, tal como uma capa. -A bandeira?
Garanto-lhes que não era nenhuma, como a do Brasil ou a do Coríntias -Time do
meu colega, Fábio Deisirer - Ela era a Bandeira dos LGBTs, cujo símbolo é o
arco-íris!
Dias depois de ter visto aquela cena marcante, o amigo que
estava comigo, no momento, disse, após ter-lhe descrito a cena: “Talvez ele não
saiba o peso daquela bandeira”… O que seria bem possível. Contudo, chamava-me a
atenção as suas idas e vindas. As suas subidas e descidas. Exibindo o que
defendia, sorrindo, parecendo estar alegre e contente. Tão naturalmente o
fazia, como uma criança, que brinca sozinha, sentada nalgum canto de sua casa,
ou quando está circulando entre os adultos, cujas ideias já ridiculamente
formadas, e muitas vezes ignorantes, dizem firmemente que são totalmente tolas
as ações das crianças… Mas, não existia nada de tolo naquela ação. Eu ou
qualquer pessoa devidamente instruída, perceberia, que aquele jovem dizia, no
falar da sua simples atitude:“Eu estou aqui!” - “Eu existo e penso!”- “Eu amo
de um modo diferente e que não é estranho para mim!” - “Estou em luta por mais
espaço e aceitação. Pelo respeito aos meus direitos, previstos em lei!” -Tudo
isso dizia.
Para mim, foi emocionante ter visto bailar aquele pendão tão
vivo. Ter-me dado conta da ação corajosa de uma pessoa, no meio duma esmagadora
multidão, que talvez não o apreciasse, não fizesse questão da sua existência,
não respeitasse ou tolerasse suas escolhas, que talvez o estivesse segregando e
que poderia até espancá-lo mais cedo ou mais tarde por simplesmente ser o que é
– não menos do que um humano pensante, a quem foi dado, naturalmente, o direito
irrevogável de escolher e optar pelo que quer que deseje. - Foi mesmo muito
emocionante, porque o ato partiu de mais um, no meio das minorias, que não quer
deixar a chama ardente de sua alma, - sua Liberdade, crença, cultura, raça,
apagar-se.
Portanto, legentes, não tive como não ficar impactado com o
que contemplei. Enxerguei, refletida nisso, a minha luta por um mundo mais
humano, tolerante, respeitoso, justo e honesto. As minhas lutas por Israel e
pelo meu povo; pelo meu Sionismo. A minha luta contra o antissemitismo
declarado, entre outras lutas. Nesse dia, dormi muito cansado, com pouco ânimo.
Todavia, Com a imagem de uma bandeira diferente na praça da minha mente!
- Até a próxima.
| Hefraim V. Andrade nasceu em Aracaju em 1991, membro duma
família oriunda da cidade de Riachuelo - SE e de origem judaico-sefardí, que
mudara-se para Maruim nos anos 70. É ativista em defesa de Israel e dos
Direitos Humanos Universais. Ocupa a cadeira de número dois da Academia
Maruinense de Letras e Artes - AMLA. Também Faz parte do Cumbuka Coletivo
Cultural, - Grupo apartidário que vem promovendo eventos socioculturas e
de incentivo à sustentabilidade no Município. Quanto a sua vida na escrita,
ela começa na sua infância e passa por sua adolescência e juventude, quando fez
parte de eventos de caráter poético e estende-se até os dias atuas indo da
sátira ao que se pode entender, por ele mesmo por "formal". |
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