O excesso de gastos com pessoal nos municípios sergipanos
voltou a ser debatido pelo colegiado do Tribunal de Contas do Estado (TCE/SE)
na sessão no Pleno desta quinta-feira (4). Desta vez, o conselheiro Clóvis
Barbosa apresentou comparativo com os demais Estados do país, concluindo que,
proporcionalmente, Sergipe é um dos que se encontram em pior situação.
“Estamos nos debruçando sobre aquela questão dos gastos com
pessoal dos municípios sergipanos e os dados que encontramos até agora são
estarrecedores”, ressaltou o conselheiro, lembrando que todo o colegiado do
TCE/SE tem se debruçado sobre a matéria, alertando municípios e considerando
esse aspecto na análise das contas.
Antes de citar números dos demais Estados, o conselheiro
lembrou recente levantamento feito pela Corte sergipana, com dados de 2017,
indicando que 67 dos 75 municípios sergipanos (ou seja, 89% deles) descumprem o
limite de gastos com pessoal previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF),
que é de 54% da receita corrente líquida.
"Para que se tenha uma ideia, segundo estudo feito pelo
TCE de Pernambuco, a média nacional de municípios que estão acima do limite
total de gastos com pessoal é de, aproximadamente, 32,6%", comentou Clóvis
Barbosa, que tem reunido esses dados juntamente com o procurador-geral do
Ministério Público de Contas, João Augusto Bandeira de Mello.
Outro paralelo feito pelo conselheiro foi em relação à
cidade do Rio de Janeiro, onde, no ano passado, ocorreram situações de
servidores recebendo cestas básicas para sobreviver por conta do atraso de
salários. "Verificamos que o percentual de gastos com pessoal lá fechou de
57% da RCL no ano passado, ou seja, uma situação muito menos devastadora do que
a gigantesca maioria dos municípios sergipanos", pontuou.
O comparativo indica que as regiões com menor número de
municípios em situação crítica são o Sul (10%), seguido pelo Sudeste (11%),
Centro-Oeste (35%) e, na ponta, o Norte (com 53%) e o Nordeste, onde 54% dos
municípios extrapolam o limite máximo.
"Serão necessárias medidas duras, revisão de
legislações, de incorporações, do quantitativo de cargos dos municípios. Mas,
se isso não for feito, muito em breve, o nosso estado irá parar e os cofres
secarão por completo", concluiu Clóvis Barbosa, acrescentando que, na
absoluta maioria desses municípios, mesmo se forem exonerados todos os cargos
em comissão (algo que comumente é levantado pelos Sindicatos), o limite irá
continuar extrapolado.
Fonte: DICOM/TCE
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