7 de setembro de 2018

Algo para se lamentar em pleno 07 de Setembro | Por Hefraim Andrade

Na última quarta-feira (05), caminhava pela rua em que moro, a saber, na Rua da Cancela, ou ainda Rua das Pedras, como é popularmente conhecida, e notei que trabalhadores estavam a pôr cimento entre as pedras, para tapar algumas brechas. Entretanto, na medida em que executavam a tarefa, também cobriam às pedras, pedras essas, que segundo o livro, Inventário Cultural de Maruim (SILVA. 1994), teriam sido assentadas, no século XIX, para recepcionar Suas Majestades Imperiais, Dom Pedro II e Dona Tereza Cristina de Bourbon-Duas Sicílias, em 14 de janeiro de 1860. 

Foto | Acervo Hefraim Andrade
Todos os transeuntes ou mesmo aqueles que habitam há anos em Maruim, veem, diante de seus olhos, o imponente pavimento, quase todos os dias, e muitos, têm notado e até queixado-se de que, a cada dia, cobrem-no, paulatinamente, com cimento; ocultando algumas partes ali e outras, acolá; e assim, aos poucos, vai perdendo espaço ao longo dos anos. Com isso, percebemos que não há um cuidado empregado para preservar sua integridade. - Sinceramente, não entendo o porquê fazem isso – sepultar/soterrar a história e extirpá-la de nós; das crianças que cá habitam e daquelas que haverão de vir e que talvez não as conheçam! - Por que não retirar as pedras e cuidadosamente aplainá-las, deixando a via e as vias convidativas e transitáveis? Seria até bom para o turismo na região. O que não se pode, é simplesmente dar-lhes um fim e ponto, como se fossem elas pedras comuns – É errônea e ofensiva essa concepção, inclusive.

Foto | Acervo Hefraim Andrade
Se a justificativa para não fazê-lo for “seria uma grande logística para tal” ou a grosso modo, “daria muito trabalho” e “custaria muito caro”, eu pergunto, fazendo uso duma pergunta, que talvez, seja a mesma de muitos outros maruinenses: Se não for para ter trabalho, paciência e amor, no cuidado e manutenção de partes de uma cidade (e partes históricas), para quê assumem, os líderes políticos, os seus cargos, uma vez que é para servir o povo e a cidade? - Se não for para ser assim, não dou fé a um governo que dessa forma não proceda, já que essa é a finalidade. - Como querem que reaja, leitores, ao ver, a entrada da cidade onde vivo, emplacadas as frases: MARUIM – SEJA BEM-VINDO; MARUIM – CIDADE HISTÓRICA-160 ANOS DE TRADIÇÃO E CULTURA, se seus objetos históricos estão a sofrer? Trata-se de uma informação incompleta ou desatualizada?

Continuando. Lamentavelmente, muitas dessas alamedas, em que há tais rochas, já foram cobertas com asfalto, como é o caso duma parte do Pátio da Feira e da Rua do Correio; outras, foram extintas; como ocorrera na do Cabula (atual Fausto Cardoso) e na Praça da Bandeira – O lugar onde o Imperador fora recebido; pondo, em câmbio, paralelepípedos. Das que foram cobertas ou extintas, só resistem, a da citada Rua da Cancela, minha amada rua, e respectivas travessas, e do mesmo modo, a que está de frente para o Parque Público Otto Schramm. 

Foto | Acervo Hefraim Andrade
Tendo em vista os aspectos observados, aqui quero evocar e apelar ao bom senso dos maruinenses verdadeiramente patriotas, dado que o patriotismo não consiste em apenas vestir as cores verde e amarelo, nas copas do mundo, ou saber o Hino Nacional de cor e ver desfiles cívicos. Vai muito mais além. É mais intenso. Envolve comprometimento, abnegação e amor, coisas estas que nem todos estão dispostos a adquirir. São delegadas a pucos. E a estes poucos clamo: Levantemo-nos em prol da nossa história! 

Atenciosamente, 

Foto | Arquivo Pessoal 
| Hefraim Andrade nasceu em Aracaju em 1991, membro duma família oriunda da cidade de Riachuelo - SE e de origem judaico-sefardí, que mudara-se para Maruim nos anos 70. É ativista em defesa de Israel e dos Direitos Humanos Universais. Ocupa a cadeira de número dois da Academia Maruinense de Letras e Artes - AMLA. Também Faz parte do Cumbuka Coletivo Cultural, - Grupo apartidário que vem promovendo eventos socioculturas  e de incentivo à sustentabilidade no município.  Quanto a sua vida na escrita, ela começa na sua infância e passa por sua adolescência e juventude, quando fez parte de eventos de caráter poético e estende-se até os dias atuas indo da sátira ao que se pode entender, por ele mesmo por "formal". | 


Referências:

SILVA, Maria Lúcia Marques. Inventário Cultural de Maruim: Edição comemorativa aos 140 anos de emancipação política da cidade. Aracaju, 1994.

2 comentários:

  1. Pq não se candidatar ? Tentar fazer nossa história não se acabar? Ser prefeito está muito além de dinheiro, é cuidar por amor e isso eu nunca vi por aqui, entra prefeito e sai prefeito e cada vez perdemos com isso, nossos direitos sendo ignorados. Pessoas que amam a história da nossa cidade e luta para que ela não se acabe é que merece estar nesse cargo, então pq vc não pensa nisso? Meu voto já teria. Estou cansada de ver tudo piorar nessa cidade, e me envergonho do que vejo.

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    1. Domingo,09 de setembro de 2018.
      Maruim-SE.

      Saudações ao senhor (a).

      Olá! Tudo bem? Desde já quero agradecê-lo (a) pelo teu posicionamento, visto que é oriundo d'alguém que ama a cidade ou não teria dito o que disse. Veja só: Quanto a pergunta que fez, eu queria externar, que até o presente momento, por motovos particulares, prefiro não envolver-me neste tipo de atividade. Todavia, quero deixar claro, que também é possível mudar o mundo e inclusive a sociedade na qual vivemos, sem estar inserido num cargo público, não negando, é claro,que tem lá a sua eficácia. - Inclusive, eu mesmo sou prova viva disto. E não somente eu, mas você também, agora. - Muitos verão o teu posicionamento aqui e perceberão que nem tudo neste mundo está perdido; que ainda vale a pena lutar pela mudança.Eu entendi bem o que quis dizer e agradeço pelo voto de confiança. Fico contente pelo gesto. Que tenha uma ótima semana.


      Att,


      Hefraim Andrade.

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