22 de maio de 2018

Viagens por Maruim: Os velhos bares e botecos - Parte II | Por Hefraim Andrade


O BAR DO ERON

Dando continuidade a nossa viagem pelos botecos e bares, faremos uma visita a um estabelecimento difícil de esquecer – O Bar do Eron! Este achou meios de sobreviver através do tempo e mesmo não existindo mais fisicamente, visto que há um novo prédio sobre o local, está vivo através da memória de alguns maruinenses. - Os Maruinenses não esquecem! (rsrsrsrsrs)

Antigo bar do Eron | Foto: Acervo Hefraim Andrade


O bar do Eron… Tenho o maior prazer de escrever sobre ele. Ele ficava bem de frente para a minha casa. - Ainda estão nítidas, na minha mente, as grandes portas de madeira; as mesas; o longo balcão; os engradados de bebidas; as garrafas de cachaça; tanto as “limpas” quanto as chamadas “garrafadas”; os copos característicos, - presentes em quase todos os bares da época, já que copos descartáveis eram usados apenas em festas de casamento ou de aniversário. Havia também garrafas cujos rótulos mudaram ou que deixaram de existir atualmente.

Dificilmente saia dali e foi lá que aprendi muito da minha linguagem (teve o seu lado bom, porém, crianças, não façam isso em casa, certo? Rsrsrsrssr). Em fim, foram muitas as experiências e talvez a geração que não viveu nos anos noventa e que não teve uma vida como a minha, não compreenda muito a importância de um estabelecimento como aquele para a sociedade nas décadas de setenta, oitenta e noventa. Botecos e bares, além servirem bebidas alcoólicas e não alcoólicas, eram ponto de encontro de amigos, colegas e conhecidos; ponto para discutir problemas da sociedade, discutir política, a vida alheia e, também, constituía-se, às vezes, no substituto do próprio lar. Trago do bar citado a recordação de que o saudoso senhor José Maia Cruz (Zé Maia), pai de Hélber Maia, trajando roupas as quais hoje chamamos de sociais, com um sorriso, sacou, certa vez, de sua pasta de mão, uma caixa de canetas hidrocor e presenteou-me com ela. Nunca esqueci isso!

Na foto, bar do Eron ao fundo | Foto: Acervo Hefraim Andrade

Quanto ao dono do bar, senhor Altran Teles de Santana (74 anos) ou Eron, tal como conhecemo-lo, nasceu em Santo Amaro das Brotas, cidade vizinha de Maruim, em 09 de janeiro de 1944, e abriu as portas de seu bar em 19 de agosto de 1970. Ele acompanhou o crescimento da cidade ou quem sabe até mesmo ajudou no seu crescimento, pois, chegou a ocupar o cargo de vereador, talvez resultado de sua popularidade. Seu estabelecimento foi muito frequentado e chegou a ter seu próprio time de football, - “O Boca de Álcool”, composto por seus frequentadores, dentre os quais, dois de meus familiares participavam (rsrsrsrs) -É difícil conceber que o prédio já não exista. - Ele desabou há alguns anos. No dia, estava reunido com a minha família, em casa, e creio que ocorreu por volta dumas 20 H, se não falha-me a memória, e causou-nos surpresa e susto. O bar desabara sobre alguns clientes e felizmente não levou ninguém a óbito.

Oficialmente, o senhor Eron deixou de ser seu dono em 09 de julho de 1996, passando o negócio para o senhor “Tonton” e foi passando pelas mãos de outras pessoas até deixar de existir. Ali comprei doces, ri… Fiquei atento ao testemunho de muitos senhores, que já não estão neste plano, dos quais ouvi histórias que luto para não serem esquecidas, como as benditas ou malditas “fuleiragens”, que apesar de impróprias, também têm sua importância.

Até a próxima.

Continua...


| Hefraim V. Andrade nasceu em Aracaju em 1991, membro duma família oriunda da cidade de Riachuelo - SE e de origem judaico-sefardí, que mudara-se para Maruim nos anos 70. É ativista em defesa de Israel e dos Direitos Humanos Universais. Ocupa a cadeira de número dois da Academia Maruinense de Letras e Artes - AMLA. Também Faz parte do Cumbuka Coletivo Cultural, - Grupo apartidário que vem promovendo eventos socioculturas  e de incentivo à sustentabilidade no Município.  Quanto a sua vida na escrita, ela começa na sua infância e passa por sua adolescência e juventude, quando fez parte de eventos de caráter poético e estende-se até os dias atuas indo da sátira ao que se pode entender, por ele mesmo por "formal". | 




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