16 de outubro de 2018

Uma Bandeira Diferente na Praça da Matriz | Por Hefraim Andrade


Olá, pessoas! Tudo bem? Faz algum tempo que não escrevo, não é mesmo? Foi por motivos de força maior. Sem embargo, não nego, ter sido essa pausa, muito benéfica para mim. Aproveitei-a para ir aos campos, no entorno da cidade. Inclusive, recomendo, mesmo não sendo médico, a todos, que pelo bem da saúde, aproveitem a presente estação do ano – A primavera que a fauna e flora de Maruim oferecem é incrível! Se descerem um pouquinho em direção a Fábrica USIFÉRTIL/FERTINOR, verão que há inúmeras ‘árvores cor-de-rosa’ – são as canafístulas (cassia grandis). Vale a pena vê-las. - Eu fui e amei! 


Uma Bandeira Diferente na Praça da Matriz 

Garota portando uma bandeira branca diante de militar num posto de controle no Iraque | Jornal Nexo

Dia 07 de outubro. Dia das eleições em todo o país. Eu, cônscio de que não votaria em candidato algum (Ishallá, haverá um dia em que votar já não será mais obrigatório, espero), passei boa parte da manhã dormindo. Próximo ao meio-dia, recebi um convite de um amigo para sairmos pela cidade – Nesta época e em 07 de setembro, muitos maruinenses que já não vivem na cidade vêm à Maruim tal como a peregrinação à Meca, como é peculiar aos Muçulmanos. Pude ver algumas pessoas que há anos não as via. - Sinceramente, acho que estou começando a entender, ou melhor, a “ver” um certo amor à pátria de muitos maruinenses, manifestado – creio que não transferem os seus títulos eleitorais e muito menos deixam de assistir aos desfiles do dia da Independência, para continuarem vinculados ao local onde nasceram ou cresceram. Não vejo outra explicação no momento. E agora, mais do que nunca, faz sentido, à minha mente, a citação da mãe de um amigo, que reside aqui: -“Em Maruim tem açúcar!”

No anoitecer, descemos à Praça (Bem… A aquilo lá!). Nela, havia uma considerável aglomeração mista, que aguardava, preocupada, os resultados de uma eleição, a meu ver, decisiva e preocupante, tanto para gregos quanto para troianos. Eleições que assustavam-me sobremaneira! – As ações violentas e agressivas de considerável parte dos brasileiros, por não respeitarem e tolerarem a liberdade de expressão (sensata liberdade, é claro) e de opinião, uns dos outros. Isso, somado ao crescimento das manifestações de ódio.  - Estou convicto de que muitos desaprenderam ou nunca cumpriram o artigo I da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 10 de dezembro de 1948, que declara:

Artigo I

“Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência E DEVEM AGIR UMAS EM RELAÇÃO AS OUTRAS COM ESPÍRITO DE ‘FRATERNIDADE’”.

Infelizmente, aquilo que estamos a ver, não é Fraternidade nem de longe! Consideração, compreensão, entendimento, aceitação, são nobres práticas que estão desaparecendo progressivamente.

Nessa atmosfera, acabamos sentados num dos bancos. Aguardávamos outros amigos. Aos poucos, ficávamos sabendo sobre quem largava na frente, na porcentagem dos votos. E isso, é claro, graças a internet do celular dos conhecidos, que gradativamente chegavam e ficavam por ali também. - Ah! E sobre a aglomeração - Havia Muito movimento ali. Pessoas diferentes, indo e vindo; chegando e saindo. Sons fortes e fracos das vozes dizendo: “Ele Não!” “O 13 perderá!” ou ainda “Não queria nenhum dos dois”, , misturavam-se ao som das músicas nos automóveis. - Eu estava verdadeiramente inquieto com isso. - Não deixava de olhar nem mesmo o chão no qual pisava. No entanto, não pude deixar de notar algo que, com certeza, jamais esquecerei: Não tão longe, estava um jovem, vestido e trajado com uma bandeira, tal como uma capa. -A bandeira? Garanto-lhes que não era nenhuma, como a do Brasil ou a do Coríntias -Time do meu colega, Fábio Deisirer - Ela era a Bandeira dos LGBTs, cujo símbolo é o arco-íris!

Dias depois de ter visto aquela cena marcante, o amigo que estava comigo, no momento, disse, após ter-lhe descrito a cena: “Talvez ele não saiba o peso daquela bandeira”… O que seria bem possível. Contudo, chamava-me a atenção as suas idas e vindas. As suas subidas e descidas. Exibindo o que defendia, sorrindo, parecendo estar alegre e contente. Tão naturalmente o fazia, como uma criança, que brinca sozinha, sentada nalgum canto de sua casa, ou quando está circulando entre os adultos, cujas ideias já ridiculamente formadas, e muitas vezes ignorantes, dizem firmemente que são totalmente tolas as ações das crianças… Mas, não existia nada de tolo naquela ação. Eu ou qualquer pessoa devidamente instruída, perceberia, que aquele jovem dizia, no falar da sua simples atitude:“Eu estou aqui!” - “Eu existo e penso!”- “Eu amo de um modo diferente e que não é estranho para mim!” - “Estou em luta por mais espaço e aceitação. Pelo respeito aos meus direitos, previstos em lei!” -Tudo isso dizia.

Para mim, foi emocionante ter visto bailar aquele pendão tão vivo. Ter-me dado conta da ação corajosa de uma pessoa, no meio duma esmagadora multidão, que talvez não o apreciasse, não fizesse questão da sua existência, não respeitasse ou tolerasse suas escolhas, que talvez o estivesse segregando e que poderia até espancá-lo mais cedo ou mais tarde por simplesmente ser o que é – não menos do que um humano pensante, a quem foi dado, naturalmente, o direito irrevogável de escolher e optar pelo que quer que deseje. - Foi mesmo muito emocionante, porque o ato partiu de mais um, no meio das minorias, que não quer deixar a chama ardente de sua alma, - sua Liberdade, crença, cultura, raça, apagar-se.

Portanto, legentes, não tive como não ficar impactado com o que contemplei. Enxerguei, refletida nisso, a minha luta por um mundo mais humano, tolerante, respeitoso, justo e honesto. As minhas lutas por Israel e pelo meu povo; pelo meu Sionismo. A minha luta contra o antissemitismo declarado, entre outras lutas. Nesse dia, dormi muito cansado, com pouco ânimo. Todavia, Com a imagem de uma bandeira diferente na praça da minha mente!

- Até a próxima.



| Hefraim V. Andrade nasceu em Aracaju em 1991, membro duma família oriunda da cidade de Riachuelo - SE e de origem judaico-sefardí, que mudara-se para Maruim nos anos 70. É ativista em defesa de Israel e dos Direitos Humanos Universais. Ocupa a cadeira de número dois da Academia Maruinense de Letras e Artes - AMLA. Também Faz parte do Cumbuka Coletivo Cultural, - Grupo apartidário que vem promovendo eventos socioculturas  e de incentivo à sustentabilidade no Município.  Quanto a sua vida na escrita, ela começa na sua infância e passa por sua adolescência e juventude, quando fez parte de eventos de caráter poético e estende-se até os dias atuas indo da sátira ao que se pode entender, por ele mesmo por "formal". | 


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