19 de agosto de 2018

O gigante adormecido... Não mais distribui a Luz do Saber | Por Joelma Martins

Ele nos orgulha, nos enobrece, nos eleva o espírito sapiencial da intelectualidade humana, conserva e desenvolve a herança dos nossos antepassados que aqui nesta tão singela e humilde cidade plantou um dia a Árvore do Saber, surge em grandiosidade o perseverante e resistente Gabinete de Leitura de Maruim, fundado em 1877 por aqueles que outrora sentiram um fogo voraz e inebriante que era o fogo das letras e do progresso cultural.


Lugar este em que o livro era venerado com tanto amor por seus frequentadores e apreciadores, que revigorava e fortalecia àqueles que encontrava nas letras, adubos e fertilizantes para suas capacidades produtoras, e por tanto amá-lo, conseguiu transformar aquele tão admirável recinto “Gabinete” numa arca santa do pensamento, num tabernáculo das ideias propagadas e impressas, como diziam as palavras sábias do ilustre poeta Joel Aguiar. Em sua tribuna os discursos apresentados faziam encher os olhos e ouvidos dos presentes de uma imensa e fortunada fagulha do saber recitada por seus oradores, de tão sublime eloquência que os tornavam sábios e ilustres da memória intelectual da cidade. Cidade esta, que se tornara ilustre por florescer em suas terras uma tão sublime Instituição Literária.

O gigante do saber não mais proporciona sua luz através dos livros e da leitura, adormeceu, quando caiu em si o desprezo e o zelo pelas letras, restando apenas a sua trancada em estantes desgastadas pelo o tempo, onde apenas o apoio de um livro deixa de pé outro. Por tudo que ele representou para a cidade que o recebeu com devoção aos seus louváveis discursos intelectuais, que segundo o grande escritor Joel Aguiar transformou aquele excelso lugar em “o evangelho de nossas glórias” pois ali eram sentidos os mais empolgantes discursos que convulsionava os presentes.

Seus sócios e conferencistas além dos belíssimos e irreverentes discursos, eram possuidores de um elevado nível de compreensão das obras literárias mais discutidas e atualizadas da época, pois naquele local eram para apreciação de todos, os problemas sociais do país. Um lugar tão majestoso e nobre também carregava em seu interior uma forte dualidade, se por um lado carregava a riqueza do saber, da intelectualidade de homens cultos e importantes na sociedade vigente, do outro lado carregava a singela da transmissão do conhecimento para os pobres através da instrução. Perfazendo então a sua resistência por longos anos.

E o que nos resta hoje? A memória de Templo do Saber, de uma Relíquia Sagrada, de uma Oficina da Luz, de um Gazofilácio de ideias... adjetivos esses evocados pelo grande mestre Aguiar em seu discurso do Cinquentenário do Gabinete de Leitura, embora prestes ao declínio ocasionado pelo descaso, pelo o progresso e ou por ambos. Porém o que importa é que façamos alguma coisa. Este foi o Gabinete do orgulho de seus fundadores que se foi com eles. Ficando apenas do Templo do Saber? – seus inúmeros livros empoeirados e deteriorados pelo tempo e o abandono. Da Relíquia Sagrada temos a imortalidade de seus sócios fundadores apresentada pelo o maior amante das letras Joel Aguiar. Da Oficina da Luz – resta-nos a memória e orgulho de termos sido escolhidos como a cidade que viu a “Luz” que um dia iluminou as mentes daqueles que encontraram nos livros um valor incalculável, o valor das letras e do saber. E ainda recebeu o sublime nome de Gazofilácio de Ideias – ali se vivenciou e se guardou os pensamentos daqueles que, iluminados pelo saber transformou aquele recinto num Evangelho de glórias, onde outrora fora guardado os maiores tesouros que a humanidade sonhara ter. O tesouro das letras.

Sua luz jamais será apagada, sua essência, será deveras imortal, os tesouros da inteligência lançados por seus oradores e sócios serão glorificados por gerações e gerações e a Árvore do Saber que um dia plantastes na Cidade das Luzes, ultrapassarão o tempo e a eternidade.

Hoje esperas inerte e triste a ação do homem a seu favor, ó persistente guerreiro das letras e estes teimam em resistir a imagem e ao seu valor vivificante e resplandecente, demonstrando com elegância e coragem o valor das letras e dos livros através de suas obras raras, a história de uma geração que teve por ambição o cultivo das letras e do saber e a sua transmissão através dos tempos. 

A você Gabinete e seus sócios fundadores nossa eterna gratidão. A história agradece.

Nos diz o eterno Joel Aguiar (2004);

“... Biblioteca cuja vida, cuja obra, cujo valor merece dos céus: as bênçãos; da natureza – risos; da música – harmonia; do homem – aplausos; da mulher – beijos sinceros.”

Parabéns! “Templo querido do imortal Joel Macieira Aguiar”

GABINETE DE LEITURA DE MARUIM 141 ANOS DE RESISTÊNCIA...

JUNTOS ESTAREMOS PELO GABINETE!!!!!

Até breve!




| Joelma Martins é Licenciada em Letras Português (UNIT) e Bacharel em Biblioteconomia e Documentação (UFS). Pós-Graduada em Didática do Ensino Superior e Gestão Educacional. Escritora, Cordelista, Bibliotecária do Gabinete de Leitura de Maruim e imortal na Acadêmica Maruinense de Letras e Artes, ocupa a cadeira Nº 8, cujo a patrona é Josilda de Mello Dantas. |


4 comentários: