28 de agosto de 2018

Com a Cara de Quem? | Por Hefraim Andrade

Bom dia, leitores! Ótima terça-feira! Mais uma vez, na busca contínua de temas para ofertar textos cada vez melhores, fui levado a especular/discorrer sobre as faces que as coisas têm e como estas servem para sustentar uma imagem, ideia, crença, posicionamento ou doutrina. Também, quero defender a ideia de que devemos procurar entender o que está exposto e aquilo que se é idealizado, crido ou posicionado, para que nada nos passe ou desça garganta a baixo, sem os prévios e devidos conhecimentos. 

Ilusionista Sem Rosto | Reprodução, Fandom 
Desde que nos conhecemos como seres pensantes (cogito ergo sum1), que temos alguma noção de que imagens/símbolos/figuras, servem como representação duma ideia, algo bem exemplificado por meio dos logótipos presentes nas embalagens dos produtos, por intermédio de comercias televisivos que os difundem e até mesmo em nossa própria cidade. As diversas empresas, assim como algumas gestões, em suas lutas diárias para defender o consumo, e no caso das gestões, o sue rosto, fazem uso de figuras ou nomenclaturas, para transmitir confiança, ou quem sabe, sugerir um valor prezado.

Reprodução | Exame.com
Os primeiros fundadores do que viria a ser a empresa Quaker Oats Company, por exemplo, quiseram, através do personagem <<Lerry>> (Lembram do velhinho da Aveia Quaker?), enfatizar a pureza do produto e talvez, pela presença de um quaker, estimular a confiança naquele que viria a ser um dos mais disparados artigos em uso nos lares brasileiros, de onde entendemos que essa é a imagem que a empresa escolheu propagar. E não é difícil, na atualidade, percebê-lo ao fazermos uma análise numa de suas caixas de aveia, que hoje, exaltam tanto a marca quanto a matéria-prima.

Não sei, ao certo, desde quando, no que refere-se à política, começou a prática de se querer <<dar a sua própria cara>> através de bandeiras, nomes, estátuas ou construções a um país, Estado ou cidade. Entretanto, há casos, como o do extinto Império Romano, onde sua insígnia de águia com as asas abertas, identificava as legiões romanas e significava poder, dominação, força, etc.2, Em caso semelhante, tivemos as cruzes nas roupas dos cruzados e mesmo nas caravelas, nas quais vieram os navegantes portugueses ao Brasil. E ainda temos outro, - o conhecido símbolo comunista da antiga URSS – a foice e o martelo atravessados, que serviam de marca de sua autoridade administrativa.

Reprodução | Gazeta do Povo

Sem embargo, até que ponto isso pode ser um benefício ou um malefício?

A geração atual pode ainda não ter se dado conta daquilo que observei durante um tempo – a prática de pôr símbolos e características próprios de um mandato/credo no patrimônio público (prédios, bancos e quiçá meios de transporte). Eu mesmo pude contemplar nalguns bancos de uma antiga praça, o slogan e os matizes peculiares a certa chapa política. - Sou totalmente contrário a que as cores dos mesmos fiquem sujeitas a cada grupo que tome posse, como se fossem sua possessão. Outrossim, há a presença desaconselhada de crucifixos (bem fixos, às vezes, viu?) em prédios públicos, não tendo o Brasil, fé oficial, sendo, em contrapartida, laico – a meu ver, nisso é ferido o princípio da laicidade. Deixo claro, aqui, que não tenho nada com a fé de muitos amigos, colegas e conhecidos meus, que são cristãos, porém não é correto haver isso nesses ambientes (que os ponham em seus templos, pescoços, braços e casas). - Imaginem se o mesmo ocorresse com os símbolos do Candomblé ou da Umbanda? Com certeza a circunstância despertaria o maior rendez-vour, penso. Haveriam falas do tipo: <<Não! Não podem permitir isso!>>; << O Brasil é laico!>>… - Porém só é laico unilateralmente? Devemos pensar mais nisso! Devemos, até mesmo, pensar sobre de quem é a cara que aparece; sobre o que ela quer dizer e sobre o que está a propor-nos!

Enfim. Vimos, neste semanal, espaço que me fora gentilmente cedido, que as os símbolos, imagens, nomes e cores, são e representam sim, alguma coisa e também a cara de alguém, de um círculo ou de algo e que isso reflete ou refletiu muito na parte governamental mundial e na nossa pátria, ora beneficamente, ora nem tão beneficamente assim. Que através dos exemplos dados, pudemos nos inteirar de que devemos ser seres sociais mais instruídos e criteriosos; sabedores. Até porque o mundo no qual vivemos é cheio de significados e de intenções.


As cores eram cores e objetos
Objetos,
Até que tudo virou mensagem.
Até que mesmo a paisagem,
Os cenários, foram todos
Tomados por recados seletos!

ANDRADE, Hefraim.
<<Manipulation>>
18/03/2017

Nota:

1 <<Cogito,ergo sum>> é uma frase de autoria do filósofo e matemático francês René Descartes (1596 – 1650). Em geral, e traduzida para o português como “penso, logo existo”; entretanto, é mais correto traduzi-la como “penso, portanto sou”.

Link pesquisado:

2 https://www.simbolos.net.br/simbolos-romanos/



| Hefraim V. Andrade nasceu em Aracaju em 1991, membro duma família oriunda da cidade de Riachuelo - SE e de origem judaico-sefardí, que mudara-se para Maruim nos anos 70. É ativista em defesa de Israel e dos Direitos Humanos Universais. Ocupa a cadeira de número dois da Academia Maruinense de Letras e Artes - AMLA. Também Faz parte do Cumbuka Coletivo Cultural, - Grupo apartidário que vem promovendo eventos socioculturas  e de incentivo à sustentabilidade no Município.  Quanto a sua vida na escrita, ela começa na sua infância e passa por sua adolescência e juventude, quando fez parte de eventos de caráter poético e estende-se até os dias atuas indo da sátira ao que se pode entender, por ele mesmo por "formal". |


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