SEU AMIGÃO
Seu Amigão | Foto: cedida por sua filha |
Bem, pessoal, antes de tudo, cabe explicar, aqui, qual era a
utilidade do objeto buscado por mim em seu estabelecimento. A final, -“para que
diabos, ele (eu, no caso) haveria de querer a bolinha do dosador, presente
nalgumas botelhas de cachaça?!” -Talvez a explicação que tenha para ofertar não
seja lá das mais satisfatórias, pois não é outra se não: - “Eu apenas gostava
delas!” - Deixando bem claro que essa não é uma prática tão incomum, e que se
observarmos atentamente, perceberemos que muitas crianças costumam encontrar
divertimento, e até mesmo satisfação, em objetos que a maioria de nós despreza.
Isto é certo! Então, para encurtar, elas eram do meu agrado e pronto! Não cabe
aqui mais explicações. Interessante que o Bom Amigo nunca questionou o meu
desejo diferenciado, por mais esquisito ou excêntrico que aparentasse.
Bolinha extraída do dosador | Acervo Hefraim Andrade |
“Deixou uma história na cidade de Maruim porque foi muito
querido e amigo. O codinome Amigão surgiu em Maruim”.
“Amigão”, segundo nome de José Pereira de Medeiros
(nome que acabaria não pegando no círculo popular), nascera no município de
Jardim do Seridó, no Rio Grande do Norte, em 25 de março de 1944. Seu bar era
simples e ficava no complexo do Mercado e antecedera o sr. Jaime no espaço e tal
como este, foi um dos muitos negociantes do ramo de bebidas, que destacou-se
pelas boas reações que mantinha. -Não canso-me de enfatizar, cá nesta série de
publicações, de modo direto e indireto, que os antigos donos de bar, aqui em
Maruim, atuaram (alguns ainda atuam) muito mais além do que a profissão
pedia-lhes. Estes, envolviam-se e até participam da vida particular de seus
clientes ou conhecidos. Conheço, inclusive, um caso em que um dos donos de
botequim locais, foi padrinho de batismo do filho de um de seus clientes. E no
que tangia a Seu Amigão, essa participação pode ser mui bem expressa nas
palavras de sua Filha. Continuou:
“O velório dele foi emocionante. Ocorreu algo bem
interessante. O coveiro chorava aos prantos dizendo que o ‘pai’ dele tinha
morrido (se referindo ao meu pai) dizendo que o próximo seria ele, porque meu
pai matava a sua fome. Nem sabíamos que meu pai o ajudava. Todos Choraram.”.
Casa onde Amigão morou e ainda pertence à sua família | Foto: Acervo Hefraim Andrade |
O potiguar, jardinense e também maruinense, repousou em 07
de novembro de 1996, na cidade de Aracaju. Realmente o seu falecimento, foi
muito sentido, até porque só se chora por algo ou por alguém que teve muita
importância! Pela cidade, quando pergunto sobre ele ou quando cito o seu nome,
muitos ainda recordam-se, respondendo-me: “Lembro!” “Seu bar era ali!”! Vinte e
dois anos passaram-se desde seu falecimento e sua memória ainda não deixou este
lugar. Como disse no início do texto, flagro-me pensando nele, vendo-o pôr suas
mãos nos copos, garrafas e organizando tudo.
- Até a próxima.
Agradeço aqui, de modo especial, a sua filha Josenilda
Medeiros, amiga de minha família, que contribuiu muito para a composição desta
Viagem.
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| Hefraim V. Andrade nasceu em Aracaju em 1991, membro duma família oriunda da cidade de Riachuelo - SE e de origem judaico-sefardí, que mudara-se para Maruim nos anos 70. É ativista em defesa de Israel e dos Direitos Humanos Universais. Ocupa a cadeira de número dois da Academia Maruinense de Letras e Artes - AMLA. Também Faz parte do Cumbuka Coletivo Cultural, - Grupo apartidário que vem promovendo eventos socioculturas e de incentivo à sustentabilidade no Município. Quanto a sua vida na escrita, ela começa na sua infância e passa por sua adolescência e juventude, quando fez parte de eventos de caráter poético e estende-se até os dias atuas indo da sátira ao que se pode entender, por ele mesmo por "formal". |
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