Foto: Acervo Hefraim Andrade |
Olá pessoal! Tudo bem? Na viagem desta terça-feira, decidi narrar-vos sobre um cenário e tempo bons os quais vivi e que, apesar de não podemos revivê-los fisicamente, talvez possamo-lo através das minhas recordações; das boas memórias que guardo da minha infância e adolescência na Rua da Cancela.
Não serei nem um pouco modesto aqui ao dizer que “rodei às sete freguesias” em Maruim. Andei muito mesmo! Porém, tenho que registrar que o meu “caminho de roça” era a Rua da Cancela, na qual moro parcialmente e por onde venho e vou, entro e saio constantemente. Conheço bem cada trecho da extensa rua das pedras calcárias! Sei onde estão muitas rochas que são peculiares; por exemplo: um bom número de grandes pedras com o formato quadrado que ficam no início da travessa que liga esta rua à Rua do Açougue, popularmente chamada de Beco de Zé Neto. Também sei a localização doutra pedra em que há um fóssil de um crustáceo encrustado—fica bem à frente da casa da família do prefeito do municipal. Tenho conhecimento de cada casa ali e de cada detalhe presente nas fachadas, cada escultura e cada alto-relevo que diferenciam uma casa da outra.
Foto: Acervo Hefraim Andrade |
Uma destas casas marcou a minha adolescência, uma casa já afetada pelo tempo, com uma linda cor verdulis, (esverdeada) de igual modo desgastada. O prédio cujo número é 47, pertenceu antes e inda pertence a uma ilustre família, - a família Maynart, cuja atual matriarca é a professora aposentada Sônia de Souza Maynart (81 anos). Passava muito em frente a sua residência e já de longe podia avistar à dona Mimosa, sua Mãe, com seus braços apoiados à janela; observando o movimento. Suas cãs, cabelos brancos ou quem sabe “madeixas”, termo que por certo estava acostumada, chamavam muito à atenção. Era impossível não passar por ela sem que fosse inclinado a saudá-la, dizendo: “Bom dia/Boa tarde dona Mimosa!”. Eu fazia questão de dizê-lo! Ao passo que ela respondia com um lindo sorriso e educação inquestionáveis e inesquecíveis! - Tudo parece estar fresco à minha mente! Externo que amei escrever sobre ela! Não é justo deixar sua memória cair no esquecimento! Quero que os jovens de hoje em diante possam saber sobre ela! Que seja mencionada nas escolas e que torne-se um ditado como virou através das minhas mãos, quando escrevi: - “Dona Mimosa ainda observa a Rua da Cancela (...)”!
Foto: Reprodução / Arquivo pessoal |
A saudosa Emerentina de Souza Maynart (1915 – 2006), era conhecida da minha avó Helena Andrade Z”L (de Bendita Memória); Ambas dividiam o apreço pelas plantas e flores. Dona Mimosa era dotada de muita beleza. Segundo dona Sônia Maynart, sua filha, encantara seu saudoso pai à primeira vista:
“- Num deixou nem mais ela estudar. Foi logo se casando. (...) Casou. Pronto.”. - Disse.
A sua Lembrança e virtudes, por assim dizer, não foram de todo esquecidas! Em 2016, fora inaugurado o Centro de Referência da Assistência Social – CRAS -“Casa Das Famílias” - que leva seu nome.
Foto: Reprodução / Arquivo pessoal |
Algum tempo depois, vê-la à janela já não era possível. Sempre que podia perguntava por ela à sua filha. Ficara doente! Entretanto, hoje, com a mente mais esclarecida, penso da seguinte forma: Dona Mimosa não estava doente, mas alcançava-lhe o limite que todos os seres humanos têm, o qual precisamos aprender a aceitar! - Mas, naquele tempo, senti por não vê-la mais às janelas. Uma vez que fazia parte da rua e fez parte de toda uma geração de pessoas como eu. Na atualidade, apesar de seus restos mortais estarem no jazigo da família, no cemitério local, “Dona Mimosa” - Seu nome eterno e sua presença, vivem dentro de mim e de alguns em Maruim e, com certeza, fora dela! Este é o cenário e o tempo bom que vivi! E como dito ao início deste texto, realmente não podemos revivê-lo, apenas recordá-lo. Todavia, admito que, vez e outra, ao olhar para aquele lugar vazio à janela, digo: “Dona Mimosa ficava ali!”.
Até à próxima!
| Hefraim V. Andrade nasceu em Aracaju em 1991, membro duma família oriunda da cidade de Riachuelo - SE e de origem judaico-sefardí, que mudara-se para Maruim nos anos 70. É ativista em defesa de Israel e dos Direitos Humanos Universais. Ocupa a cadeira de número dois da Academia Maruinense de Letras e Artes - AMLA. Também Faz parte do Cumbuka Coletivo Cultural, - Grupo apartidário que vem promovendo eventos socioculturas e de incentivo à sustentabilidade no Município. Quanto a sua vida na escrita, ela começa na sua infância e passa por sua adolescência e juventude, quando fez parte de eventos de caráter poético e estende-se até os dias atuas indo da sátira ao que se pode entender, por ele mesmo por "formal". |
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