Foto: Acervo Hefraim Andrade |
Recentemente fui ao Parque Público Otto Schramm (inclusive aconselho a visita, já que estão caindo mangas maduras ao chão por não haver quem colha-as) e, no caminho, disse para mim mesmo: “olha elas ali!” - Referindo-me às lindas flores amarelas, as quais desconhecia o nome popular e pior ainda seu nome científico. -Isto sempre representou para mim uma grande interrogação e, sem exageros, cheguei até a ficar obcecado em querer saber como reproduziam-se e passei alguns anos inquieto quanto a isso. Houve um tempo em que cogitei enviar fotografias para um programa televisivo agrícola, tal como o Globo Rural que é transmitido no Al-had (domingo), o qual presta este tipo de serviço. Mas por que aquelas flores causavam-me tanta perturbação?! Estariam elas causando danos a sociedade? Proliferando alguma substância pelo ar? Bem, para esclarecer isto, temos que voltar anos antes, quando era adolescente e quando mal esperava que chegasse o “Tempo das borboletas” -É assim que denomino a estação em que os insetos da ordem Lepidóptera, aparecem com mais frequência em Maruim, período em que há muitas flores no município. -A cidade fica linda quando nos sítios, campos que a cercam, nas ruas, nas frestas das paredes, nos muros, terrenos baldios e mesmo nos acostamentos da estrada que leva às vizinhas Rosário do Catete e Santo Amaro das Brotas, -saída a qual popularmente nominamos “Gata” (rsrsrs), vemos além de outras, às mesmas flores amarelas!
Foto: Acervo Hefraim Andrade |
Estas belezas estão por toda a parte e é um pouco difícil não vê-las e/ou nunca tê-las visto. - Creio que apenas uma pessoa cega ou insensível haveria de ignorá-las! Mesmo não sendo uma espécie conhecidamente ornamental, como as populares rosas, lírios e orquídeas, elas são dotadas de de muita cor e encanto. Faço minhas às palavras do poeta luso Luís Vaz de Camões (1524 – 1579/1580), proferidas sobre o amor, as quais emprego para defender sua formosura:
“(…) Quem o contrário diz não seja crido;”.
É impressionante que fora as mangueiras, o Oiti (Licania Tomentosa) e os tão comuns manguezais, esta flor fique em tanta evidência; e foi esta a causa da minha pertubação e questionamento. Como um ser vivo tão presente em nosso meio e cotidiano ainda não foi estudado?! Noto que, às vezes, dormimos de baixo de ouro e não sabemos, ou mesmo que “viajamos num cruzeiro pelo Mediterrâneo comendo apenas Cream Crackers e água, pelo desconhecimento de que a passagem dá direito às refeições do navio.”.
Foto: Acervo Hefraim Andrade |
Ontem, enquanto fotografava a cidade, parei para conversar e entrevistar um distinto senhor cujo jardim havia a planta em questão. Disse-me que há em Maruim pessoas que utilizam-na para fins medicinais. “É um antibiótico!” -Disse. Declarou que ele mesmo tomava o chá feito das raízes. Revelou-me que no Pátio da Feira, há alguém que possui um boteco, junto ao cais, que faz garrafadas (preparados que contêm bebidas alcoólicas misturadas a algumas ervas) da planta, feitas para o mesmo fim. Fiquei surpreso com o relato e ao mesmo tempo contente porque, de certa forma, adquiri informações que antes não possuía, o que instigou-me a voltar ao bom meio de pesquisa, -o Google, onde pus algo do tipo: “flores que crescem nas ruas”, e para a minha surpresa, lá estavam as benditas flores! Não que nunca tivesse pesquisado ali, apenas estava a pôr as palavras erradas, como “flores de Sergipe”, entre outros exemplos, que não levaram-me a lugar algum. -Ah! Quanto exultei por ter encontrado este Norte! Após algumas pesquisas descobri que chama-se Chanana. Isto mesmo – Chanana. Seu nome científico é Tunera guynienses, e preparem-se para o que descobri: A planta tem propriedades energéticas e segundo a professora, Dr. Terezinha Rego, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), o chá da Chanana, utilizado no tratamento de pessoas com HIV, ajudou a minimizar os efeitos colaterais dos remédios alopáticos consumidos durante o tratamento, melhorando assim o sistema imunológico dos pacientes e, além destes, destacam-se outros benefícios nos tratamentos da Diabetes, Pneumonia e Depressão. Em outra fonte, li que a planta já era usada pelos Maias para estimular o prazer sexual e pelos índios da América do Sul como chá curativo! E o mais impressionante é que um importante remédio como este esteve o tempo todo debaixo de muitos narizes! Quiçá poderíamos tê-lo usado como usamos a largamente difundida Lipia Alba ou falsa cidreira!
Foto: Acervo Hefraim Andrade |
Em fim. Pode ser que a minha curiosidade pregressa seja até a mesma curiosidade de outros maruinenses os quais convido a dar mais atenção às riquezas naturais que possuímos, porque, assim como podemos estar deitados sobre o ouro, podemos, por ignorância, atirar o mesmo ouro ao lixo! -Despertemos! E certo. Não estou tão curioso quanto antes (rsrsrs). Fora mesmo um verdadeiro alívio ter feito esta agradabilíssima descoberta pessoal! Espero que vós outros tenhais apreciado ao que tanto apreciei! Oriundo de pequeninas flores graciosas que, com certeza, são ignoradas, desprezadas e talvez até tratadas como o capim, o qual, quem sabe, possa ser outro remédio por nós ignorado.
Dedico esta publicação à minha avó, Helena Andrade Z”L, de quem herdei o apreço às plantas; à minha professora Elaine Cristina e ao amigo Jarbinks.
Até a próxima.
Fontes:
http://www.saudecorpo.com.br/os-7-beneficios-da-chanana-para-saude/
http://saopaulosaudavel.com.br/panc-na-city-ou-a-vida-que-mora-nos-canteiros-da-rua/
https://www.pensador.com/frase/MzMzNzU/
https://toinhoffilho.blogspot.com.br/2013/06/as-flores-do-nosso-sertao-chanana.html
https://plantasechaspoesiaseorixas.blogspot.com.br/2016/04/uso-medicinal-da-xanana-xanana-chanana.html
| Hefraim V. Andrade nasceu em Aracaju em 1991, membro duma família oriunda da cidade de Riachuelo - SE e de origem judaico-sefardí, que mudara-se para Maruim nos anos 70. É ativista em defesa de Israel e dos Direitos Humanos Universais. Ocupa a cadeira de número dois da Academia Maruinense de Letras e Artes - AMLA. Também Faz parte do Cumbuka Coletivo Cultural, - Grupo apartidário que vem promovendo eventos socioculturas e de incentivo à sustentabilidade no Município. Quanto a sua vida na escrita, ela começa na sua infância e passa por sua adolescência e juventude, quando fez parte de eventos de caráter poético e estende-se até os dias atuas indo da sátira ao que se pode entender, por ele mesmo por "formal". |
| Hefraim V. Andrade nasceu em Aracaju em 1991, membro duma família oriunda da cidade de Riachuelo - SE e de origem judaico-sefardí, que mudara-se para Maruim nos anos 70. É ativista em defesa de Israel e dos Direitos Humanos Universais. Ocupa a cadeira de número dois da Academia Maruinense de Letras e Artes - AMLA. Também Faz parte do Cumbuka Coletivo Cultural, - Grupo apartidário que vem promovendo eventos socioculturas e de incentivo à sustentabilidade no Município. Quanto a sua vida na escrita, ela começa na sua infância e passa por sua adolescência e juventude, quando fez parte de eventos de caráter poético e estende-se até os dias atuas indo da sátira ao que se pode entender, por ele mesmo por "formal". |
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