1 de maio de 2018

Viagens por Maruim - Outra elegia | Por Hefraim Andrade

Foto: Acervo Hefraim Andrade 

OUTRA ELEGIA

Fui até um dos braços do rio
-A parte bonita, que brilhando,
Dava seu grito, já um assobio,
-O riacho estava agonizando!

Desci à mãe, o Ganhamoroba,
E não custou para ver o desleixo:
Devastação imoral, lixo de sobra.
E diz o homem: “Assim eu deixo!”.

Subi, então, para a praça.
- “Praça?!”; “Pra onde a levaram?!”.
-Para onde também foi a graça
E nem faces pasmas nos restaram!

Não! - Não pode ser desse jeito!
Não estamos pedindo nenhum favor!
Não digam-nos “Está tudo direito!”
Depois de tudo o que nos deixou!

-Minha avó estava muito doente.
Minha avó, que de Riachuelo migrou,
Que após virar cidadã maruinense,
Direito a saúde o hospital lhe negou!

Veio a morrer, veio a partir,
No caminho de outra cidade.
E inda querem ver-me a sorrir?!
Difícil é sorrir de verdade!

Nem subirei ao hospital para dizer
Aqui o que devemos sentir,
O povo mesmo está cansado de ver,
Cansado de buscar, cansado de ouvir!

“Dia cinco, o que comemorarei?!”
-É o desabafo da própria população.
Bem… Perguntar-vos ei:
Qual é o “dia” da emancipação?!

Por fim, fui ver a mim mesmo
E não vi si quer um pingo de alegria.
E de novo com um cálice de desgosto,
Distante, escrevi mais esta elegia!

ANDRADE, Hefraim.
01/05/2018

Nota: A elegia é um gênero poético caracterizado mais pela temática do que por uma estrutura formal: tem como assuntos principais a tristeza dos amores interrompidos pela morte ou pela infidelidade; É um poema triste.


| Hefraim V. Andrade nasceu em Aracaju em 1991, membro duma família oriunda da cidade de Riachuelo - SE e de origem judaico-sefardí, que mudara-se para Maruim nos anos 70. É ativista em defesa de Israel e dos Direitos Humanos Universais. Ocupa a cadeira de número dois da Academia Maruinense de Letras e Artes - AMLA. Também Faz parte do Cumbuka Coletivo Cultural, - Grupo apartidário que vem promovendo eventos socioculturas  e de incentivo à sustentabilidade no Município.  Quanto a sua vida na escrita, ela começa na sua infância e passa por sua adolescência e juventude, quando fez parte de eventos de caráter poético e estende-se até os dias atuas indo da sátira ao que se pode entender, por ele mesmo por "formal". | 




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