Olá, bons leitores e leitores, que geram um grande número de
visualizações! Tudo bem? Como passaram nesses últimos dias? Espero que muito
bem! Confesso que estou com o semblante abatido. -Acrediteis, não dá para ser
diferente, pois vejo a nossa cidade, que é mui pequena em comparação às outras
cidades, decaída; uma queda constante que só tende a piorar se nada for feito.
Porém, ainda acredito na força do nosso solo, que dá cana e algodão. No poder
da Natureza e do rio Ganhamoroba, que banha a cidade! Na áurea que está sobre
este lugar, - Uma áurea que diz a cada bom maruinense: “Seja patriota e, se for
necessário, cause confusão e enfrente os ‘peixes grandes’ em nome da liberdade
e da justiça!”. E, acima dos anteriores, ainda creio no braço forte e na mão
estendida do Grande Arquiteto do Universo. E é por crer, apenas por crer, que
entendo que Maruim sobrevive, hoje, apenas através da fé de seus habitantes,
-aquilo que ajuda a mitigar um pouco de seu sofrimento. Mas deixemos este
assunto um pouco. Nesta terça-feira, manifestei o desejo de trazer-vos algo
diferente daquilo que costumo trazer aqui. Algo cômico. Algo para rirmos; a
final, precisamos, não é?!
Praça Barão de Maruim | Foto: Acervo Hefraim Andrade |
Aprecio muito o uso do termo francês Rendez-Vous (lugar
de encontro, ponto de reunião) na sua corruptela “redevú”, muito
usada em Sergipe como sinônimo de “confusão”, que é muito semelhante a outro
sinônimo popular, a saber, “labafero” (rsrsrs). Em fim. É no meio de um
“redevú” dos grandes que se dá esta minha “paródia literária”, por assim dizer,
inspirada na novela da Rede Globo, Deus Salve o Rei. A paródia narra uma
disputa de alguns reinos pelo poder; cada um usando dos meios e das forças que
dispõem para consegui-lo. Um chamamos de Montemor, outro de Artena e o último
de Lastrilia. Cada um de seus reis são cobiçosos, sedentos para
conseguir o total controle da Acália.
O primeiro, Montemor,
é o maior reino, e fica à direita do país. É governado pela família Monferrato
desde o ano III, ou seja, há 200 anos. É rico em minérios e também vive da
criação de bois; mas não por conta da sua carne em si, mas pela extração de
seus chifres, os quais transforma em cornetas. -A corneta é um instrumento
cultural do país, presente no Museu da Gente Montemorense, na cede do governo
local e na Casa Legislativa. O instrumento tem tanta importância que está
presente até na sua bandeira, símbolo real/oficial do reino e no seu hino
nacional – Louvai a Corneta Quando der na Veneta, cuja letra e música
são de seu rei, Rodolfo I, que a compôs logo após vir triunfante duma batalha
contra subversivos que fumavam de baixo da ponte de tijolos poloneses, que fica
à entrada do reino. Embora riquíssimo e bom estrategista militar, o rei Rodolfo
é sádico e excêntrico. De modo discreto e fiel, aprecia o sofrimento,
permitindo-se ser surrado por carrascos. Frequentemente costuma implorar para
ser humilhado por vendedoras de docinhos. Alguns o consideram louco. Seu
governo insano negligencia o direito do povo.
Trecho do Hino de Montemor:
LOUVAI A CORNETA QUANDO DER NA VENETA
“Louvada seja a Corneta, cujo som enfeitiça e traz-nos
o rizo!
Louvada seja a Corneta, nosso símbolo, a força do boi!
Ah! Sua música é nosso conforto! Dela apenas preciso!
Quando não respirávamos, esperança forte nos foi!
Louvai a Corneta quando der na Veneta!
Louvai a Corneta quando der na Veneta!
Louvai a Corneta quando der na Veneta!
Diferentes dos montemorenses, os Lurton, atuais
governantes de Artena, dominam a região montanhosa que fica a esquerda do país.
Porém, o que devo dizer de Artena? -Não o sei! E é justamente este
desconhecimento que mais preocupa-me! Os artenienses são dúbios e é quase
impossível descobrir o que realmente querem. Artena, comparada a Montemor é
mais pacífica, no entanto, nem por isso deixa de lutar quando é preciso! Sabe
que nos dias conflituosos faz-se necessário impor-se para sobreviver. Estes são
mais respeitados que aqueles por serem pouco mais sensatos.
Agora é a hora de falar da Lastrilia, praticamente um
povoado insignificante ao Sul, junto ao rio principal que corta toda a Acália.
É composta por uma centena de pastores de mulas que reivindicam maior
participação nas decisões do Grande Conselho da Acália. Recentemente,
ficaram gritando na porta do castelo de um barão, para que não doasse livros
aos pobres, porque, uma vez intruidos, tornar-se-iam um problema e poderia
questionar até mesmo a autoridade constituída, além das as ações dos religiosos
fanáticos que procuram influenciar na política. Não enganem-se com as
aparências ou mesmo com a sua alcunha “insignificante”! Apesar de serem poucos
em número, não deixam de representar um perigo para a sociedade, visto que
podem, a qualquer momento, convertem-se numa turba escandalosa e problemática.
-Mas, assim… O que é que está a tirar tanto a paz do país
mesmo, já que o motivo não está muito enfatizado, senhor narrador? O motivo? Eis o motivo sem mais delongas: O Grande Conselho
é o responsável pela parte diplomática: fronteiras, embaixadas, consulados e
acordos entre os reinos. Contudo, há uns dias, houve um grande caos que fê-lo
deliberar. - Os príncipes de Montemor desejaram leite de camela para beber,
leite este que só há em Artena, e invadiram-na. Artena, querendo o poder que possui
Montemor, para obtê-lo, atacou-lhe e também atacou à Lastrilha, que por
sua vez, querendo tecido para fazer calcinhas, por viver numa região desértica
onde falta-lhe matéria-prima (e acho que inteligência também), bombardeou a
ambas. -Não disse que o “redevú” era grande, bons leitores?! É tão grande que
nem a polícia do Conselho, nem mesmo os finados e muito menos Deus quiseram
intrometer-se! -E quem, em são juízo, quer meter-se neste meio?! É lamentável
que tantos civis tenham que sofrer com os males da guerra. Uma guerra por
motivos tolos, fúteis… Uma guerra que começa pelo ego exacerbado que tanto cega
os homens… A paixão que faz com que todos dentro de um país paguem pelo erro de
seus líderes e, por conseguinte, faz com que súditos esclarecidos sofram pelas
decisões de débeis! Por essa razão que na reza dos simples, está contida a
frase: “Deus salve o Rei!”
A história que narrei é de minha autoria e pertence ao meu
trabalho Crônicas Reais (2017), onde uso o humor que traz consigo, primeiro par
animarmo-vos e entretermo-vos. Segundo, para mostrar e ensinar os danos que uma
má administração governamental, seja ela municipal, estadual ou federal, pode
causar na população e no próprio país. Que possamos aprender esta lição
sorrindo, para que, neglicenciando-a, não aprendamos chorando. “Deus Salve
Maruim!!!”.
Até a próxima.
| Hefraim V. Andrade nasceu em Aracaju em 1991, membro duma família oriunda da cidade de Riachuelo - SE e de origem judaico-sefardí, que mudara-se para Maruim nos anos 70. É ativista em defesa de Israel e dos Direitos Humanos Universais. Ocupa a cadeira de número dois da Academia Maruinense de Letras e Artes - AMLA. Também Faz parte do Cumbuka Coletivo Cultural, - Grupo apartidário que vem promovendo eventos socioculturas e de incentivo à sustentabilidade no Município. Quanto a sua vida na escrita, ela começa na sua infância e passa por sua adolescência e juventude, quando fez parte de eventos de caráter poético e estende-se até os dias atuas indo da sátira ao que se pode entender, por ele mesmo por "formal". |
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